domingo, dezembro 23, 2007

Nonagésima Primeira Voz - Só por ti


Só de coisa boa, eu vivo

E se ando a toa, não ligo

Na praia uma canoa, preciso

Pra ficar de boa, sorriso

Só de coração, me entrego

Só em uma canção, navego

Só no seu olhar, sincero

Pra te ver chegar, espero

De viver em paz, desejo

Só um pouco mais, seu beijo

Você viajar, depois

Se você ficar, nós dois

Só por ti lembrar, saudade

Só por ti querer, vontade

Pra te namorar, amor

Só por ti viver, eu vou
- Saulo Fernandes -

quinta-feira, dezembro 13, 2007

Nonagésima Voz - Interseccionada a nada


(...) Caminho torto e comprido
Por onde vamos à vida
À mesma sorte contida
Num mesmo sonho vivido
Incertezas divididas
Iguais também os desejos
Alinhados em solfejos
Nas mesmas canções sentidas
Encontros e despedidas
Histórias para contar
Que parecem se encontrar
Nos quatro cantos da terra
Onde o encantado encerra
Coisas de até assustar
(...)
Uma alma em mil viveres
Verdades pra mil dizeres
De amores sobreviventes.
]
Nessa vida ainda quero
Uma rede de balanço.
Uma rede de balanço
E um amor pra balançar.
- Socorro Lira -

sábado, dezembro 08, 2007

Octuagésima Nona Voz - Anjo Cirandeiro



Nessa rua, nessa rua tem um bosque

Que se chama, que se chama solidão

Dentro dele, dentro dele mora um anjo

Que roubou, que roubou meu coração

Se eu roubei, se eu roubei seu coração

Tu roubaste, tu roubaste o meu também

Se eu roubei, se eu roubei seu coração

É porque, é porque te quero bem

Se essa rua, se essa rua fosse minha

Eu mandava, eu mandava ladrilhar

Com pedrinhas, com pedrinhas de brilhante

Para o meu, para o meu amor passar...

Octuagésima Sétima Voz - Anjo IV

Saying 'I Love you' is not the words I want to hear from you
It's not that I want you
Not to say
But if you only knew
How easy it ever be to show me how you feel
More than words
Is all you have to do to make it real
Then you wouldn't have to say
That you love me
cause I'd already know

What would you do if my heart was torn in two?
More than words to show you feel
That your love for me is real

What would you say if I took those words away
Then you couldn't make things new
Just by saying I love you

Now that I've tried to
Talk to you and make you understand
All you have to do is
Close your eyes and just reach out your hands
And touch me
hold me close
Don't ever let me go

More than words
Is all I ever needed you to show
Then you wouldn't have to say
That you love me c
ause I'd already know

What would you do if my heart was torn in two?
More than words
To show you feel
That your love for me is real

What would you say if I took those words away?
Then you couldn't make things new
Just by saying I love you

- Gary Cherone e Nuno Bettencourt -

Octuagésima Sexta Voz - Anjo III


Santo anjo do Senhor

Meu zeloso guardador

Se a ti me confiou a piedade divina

Sempre me rege e me guarda,

governa e ilumina...

Octuagésima Quinta Voz - E por falar em anjos...


nem consigo falar...
tal a dor de não ver
tal a dor de não tocar...

e por falar em anjos
anjo da guarda, anjo amigo, anjo pecador
todos os anjos
todos os dias
todos os céus
pecados, amores, desejos...
são só momentos vazios e mais nada
pra você

não pra mim...


- Anna Emíllia Meira Soares -

sexta-feira, dezembro 07, 2007

Octuagésima Quarta Voz - Anjo II


Acredita em anjo?
Pois é, sou o seu!
Soube que anda triste,
Que sente falta de alguém,
Que não quer amar ninguém...

Por isso estou aqui!
Vim cuidar de você!
Te proteger, te fazer sorrir!
Te entender, te ouvir!
E quando estiver cansada,
Cantar pra você dormir,
Te colocar sobre as minhas asas,
Te apresentar as estrelas do meu céu,
Passar em Saturno e roubar o seu mais lindo anel...

Vou secar qualquer lágrima
Que ousar cair!
Vou desviar todo mal do seu pensamento!
Vou estar contigo a todo momento,
Sem que você me veja...
Vou fazer tudo que você deseja!

Mas, de repente você me beija!
O coração dispara,
E a consciência sente dor!
E eu descubro que além de anjo,
Eu posso ser seu amor...

- Leonardo Reis e Saulo Fernandes -

segunda-feira, dezembro 03, 2007

Octuagésima Terceira Voz - Anjo I


Hoje eu quero ser um anjo!
E sem asas 'anjear' por aí sem destino!
E assim, velar teu sono,
velar teu dia,
sonhar os sonhos presos em tua noite insone...

Hoje eu quero ser teu anjo!
E te ouvir,
mesmo que não possas falar...
Te escutar,
mesmo que não consigas gritar
E te amar,
mesmo que não possas sentir...

Hoje quero tu como meu anjo!
O anjo da guarda do anjo Eu!
E que cale teu medo em meu sorriso...
ouça o que eu grito com meu silêncio...
e finalmente se entregue a mim!
Inteiro!
E sem a dor do teu passado...

Seja meu anjo!


- Anna Emíllia Meira Soares -

segunda-feira, novembro 12, 2007

Octuagésima Segunda Voz - Saudade...


Nem sei porque você se foi
Quantas saudades eu senti
E de tristezas vou viver
E aquele adeus, não pude dar
Você marcou em minha vida
Viveu, morreu na minha história
Chego a ter medo do futuro
E da solidão, que em minha porta bate

E eu
Gostava tanto de você
Gostava tanto de você

Eu corro fujo desta sombra
Em sonhos vejo este passado
E na parede do meu quarto
ainda está o seu retrato
Não quero ver pra não lembrar
Pensei até em me mudar
Lugar qualquer que não exista
o pensamento em você...

E eu
Gostava tanto de você
Gostava tanto de você
- Tim Maia -

terça-feira, novembro 06, 2007

Octugésima Primeira Voz - Oração ao Tempo


És um senhor tão bonito
Quanto a cara do meu filho!
Compositor de destinos,
Tambor de todos os ritmos,
Por seres tão inventivo,
E pareceres contínuo,
Que sejas ainda mais vivo,
No som do meu estribilho!
Peço-te o prazer legítimo
E o movimento preciso
De modo que o meu espírito
Ganhe um brilho definido!
O que usaremos pra isso,
Fica guardado em sigilo!
E quando eu tiver saído,
Para fora do teu círculo,
Não serei nem terás sido.
Ainda assim acredito
Ser possível reunirmo-nos
Num outro nível de vínculo.
Portanto peço-te aquilo,
E te ofereço elogios
Nas rimas do meu estilo!
Tempo tempo tempo tempo...
- trechos de Oração ao Tempo - Caetano Veloso -

domingo, outubro 21, 2007

Octuagésima Voz - Espatódea


Minha cor
Minha flor
Minha cara
Quarta estrela
Letras, três
Uma estrada

Não sei se o mundo é bom
Mas ele ficou melhor
quando você chegou
E perguntou:
Tem lugar pra mim?

Espatódea
Gineceu
Cor de pólen
Sol do dia
Nuvem branca
Sem sardas

Não sei quanto o mundo é bom
Mas ele está melhor
desde que você chegou
E explicou o mundo pra mim
Não sei se esse mundo está são
Mas pro mundo que eu vim já não era
Meu mundo não teria razão
Se não fosse a Zoe


- Nando Reis -

sexta-feira, outubro 19, 2007

Septuagésima Nona Voz - Como canção


Como canção a poesia sumiu de meus olhos
e acordei em silêncio.
Como poema, a música ecoou em meus ouvidos
e a luz de mais um dia cochilou em minha alma.
Despertei ao adormecer entorpecida por um olhar...
calmo, sereno, seguro...
distante de meus receios, de minhas culpas, de meus vacilos...

Como Poesia, aquele olhar serenou meu coração
E meus ouvidos tocaram canções nunca entoadas...
Quando a voz se fez amiga,
e as chaves estavam todas em tuas mãos
eu esperei...
esperei...
esperei...

Como luz, tuas mãos tocaram as minhas
e minha alma não reconhecia o novo...
ecoaram vozes, ecoaram risos, se fez silêncio...
e em cada sussurro o inesperado era concreto...

E como silêncio tua vontade tocou minha alma
e qual criança ela confiou em ti...

- Anna Emíllia Meira Soares -

terça-feira, outubro 02, 2007

Septuagésima Oitava Voz - Like a Star


" Just like a star across my sky,
just like an angel off the page,
you have appeared to my life,
feel like I'll never be the same,
just like a song in my heart,
just like oil on my hands,
Honor to love you,
Still i wonder why it is,
I don't argue like this,
with anyone but you,
we do it all the time,
blowing out my mind,
You've got this look i can't describe,
you make me feel like I'm alive,
when everything else is a fade,
without a doubt you're on my side,
heaven has been away too long,
can't find the words to write this song
Of your love,
Still i wonder why it is,
I don't argue like this,
with anyone but you,
we do it all the time,
blowing out my mind,

I have come to understand,
the way it is,
It's not a secret anymore,
'cause we've been through that before,
from tonight I know that you're the only one,
I've been confused and in the dark,
now I understand,
I wonder why it is,
I don't argue like this,
with anyone but you,
I wonder why it is,
I won't let my guard down,
for anyone but you
we do it all the time,
blowing out my mind,
Just like a star across my sky,
just like an angel off the page,
you have appeared to my life,
feel like I'll never be the same,
just like a song in my heart,
just like oil on my hands."
- Corine Bailey Rae -

domingo, setembro 23, 2007

Septuagésima Sétima Voz - Relâmpagos, bilhetes e beijos partidos


(...)
"- Me diga, há quanto tempo você não chora? Cortando cebolas não vale. Muito menos chorar de rir."
(...)
"O Homem louco acorda de manhã, toma café e vai pro trabalho. Chega lá, conversa com seus amigos e depois trabalha. Depois do trabalho toma uma bebidinha, conversa mais um pouco com os amigos e volta pra casa. Depois descansa e assim vive feliz. Esta é a história do homem louco."
(...)
" Concha

A lua cheia
veste uma camisa de ar
à alvorada ao crepúsculo
os lobos cantam seu grave coral
azul é o sol invisível
na fechadura peluda
do seu olhar"
(...)
"Bem, o livro descrevia com minúcia o encontro de um jovenzinho com uma menina, entre as sebes de um jardim perfumado e úmido. Ela parecia voltar de um passeio e tinha na mão uma pá de jardinagem. Seus cabelos eram de um louro avermelhado e seu rosto era salpicado de manchinhas cor-de-rosa.
O menino ficou vivamente impressionado com o fulgor de seus olhos, que eram profundamente negros, mas que ele, levado pelo fato de ela ser loura, achou serem azuis.
- Eram negros, mas ele achou que eram azuis?
- Isso. Porque a impressão que a menina causou nele foi tão forte, que ele não pôde pôr seu espírito de observação pra funcionar. recebeu um grande impacto. E durante muito tempo, todas as vezes que pensava nela, a lembrança do fulgor de seus olhos (negros) surgia em sua mente como se fossem vivamente azuis.!
(...)
"- Pára, Grande, você está inventando isso só pra complicar o seu poema. E porque o olho que aparece lá não pode ser azul, assim como está escrito?
- Porque são olhos pretos - ele afirmou rapidamente.
Eu estava enganada, ou o Grande parecia meio sem graça?"
(...)
"Atreve-se o tempo a colunas de mármore, quanto mais a corações de cera"
(...)
" - E o título? Você já entendeu o título?
- Que título?
- Do meu poema."
(...)
"- Pode confiar em mim, sou muito teu amigo."
(...)
" - Você quer entender tudo em linha reta, Verônica."
(...)
"olhos pretos tão absolutamente lindos que chegam a ser azuis. Esse pedacinho você já entendeu?"
(...)
" Lá vem o Chico caminhando pelo corredor, também tem olhos escuros, com certeza pensando naquelas composições, me olha muito sério. Existe coisa mais difícil que traduzir em palavras um olhar?
- Não - concordou Alexandre - É por isso que inventaram a poesia.
(...)
- Aos Trancos e Relâmpagos - Vilma Arêas -

Septuagésima Sexta Voz - Vieira




Manha chuvosa, jardim ensopado, melancolia.

- Um tostão por seus pensamentos.

O João, que chegava com um embrulhinho para o velho.

- Xexéu! - respondeu Íssimo por mim.
- Tive um sonho...
-Outro?
- Complicado...
- "El sueño, autor de representaciones, en su teatro sobre el viento armado"...

Teatro armado sobre o vento. Fiquei mais triste ainda.

- E o que mais?
Falei-lhe do texto de Vieira, sobre o tempo e o amor.
- Mostra lá.
Entreguei-lhe o livro, ele leu em voz alta, soltando um techinho e outro:
- "Tudo muda o tempo, tudo faz esquecer, tudo gasta, tudo digere, tudo acaba... São as afeições como as vidas, que não há mais certo sinal de haverem de durar pouco que terem durado muito. São como as linhas que partem do centro para a circunferência, que quanto mais continuadas tanto menos unidas. Por isso os antigos sabiamente pintaram o amor menino, porque não há amor tão robusto que chegue a ser velho"...

Eu já estava chorando.
- O que é isso, Verônica?
Me deu um abraço.
- Não é tão grave assim.
Mas eu copiava a chuva: chorava cada vez mais.
- Garota, garota, você tem tanto tempo ainda...
Segurou meu queixo com a mão, obrigando-me a olhá-lo.
- Vou te contar outro segredo.
- O terceiro?
- O terceiro. Esse negócio de amor e mudança. Presta atenção, hein?, porque é meio complicado.
- Diga.

- É o seguinte: o amor só continua amor porque se torna diferente com o tempo; se ficar igual, desaparece.

Parei de chorar, porque já estava meio distraída.
- Só continua porque muda.
Ele sorria.
- É.
- Meu, isso é ainda mais estranho do que os olhos do Grande, que são azuis porque são muito pretos.

- Aos Trancos e Relâmpagos - Vilma Arêas -

Septuagésima Quinta Voz - De prata


Em boca fechada não entra mosca.

Palavras da minha avó.

E ainda:

- O silêncio é de ouro, a palavra é de prata.

Sem os vestidos brilhantes da Berta, ela me ensinou a pilar café lá no sítio. Eu era tão pequena que ela punha um tijolo para dar altura. E segurava o pilão junto comigo. E cantávamos ao mesmo tempo, ritmadas pelo golpe das mãos:


"Pé de pilão,
carne-seca com feijão!"`

Às vezes eu implicava, de pura felicidade.
- Pilamos café e falamos de feijão.Vamos inventar outra?
- Menina inventadeira!
Eu, já às gargalhadas:

"Pé de chulé,
pão, manteiga com café!"

- Mas que menina inventadeira!

Mas ela é que era inventadeira: sexta-feira não podia cortar as unhas porque dava azar, vassou detrás da porta espantava visitas, almas penadas podiam virar vento nas janelas, se a gente olhava demais os brotos novos eles não cresciam, e em certas ocasiões, se a gente falasse, dava quebranto.

- O silêncio é de ouro, a palavra é de prata.

Mesmo assim contou uma história esquisita, que até hoje me dá arrepios:

"Era um homem sozinho, entre as ávores. E ali ficou. Sozinhos, seus olhos se fecharam rente às pedras. Suas mãos esfriaram, sem ninguém, no barro, sobre as folhas secas, perto dos caroços de frutas, das conchas quebradas, das formigas andarilhas. Seu corpo caiu sobre a terra. Sua boca morreu no chão, como fruto."

- Como era o rosto dele?
Eu perguntava cheia de angústia.
- Nunca tirou retrato. Para não morrer.

Também é uma história complicada. Não é só a poesia. Será que o Grande tem razão? E o Cara com aquelas composições...?

- Aos Trancos e Relâmpagos - Vilma Arêas -

quinta-feira, setembro 20, 2007

Septuagésima Quarta Voz - Suicídio


Um vento frio entra pela janela... O frio sempre me deixa reflexiva, e hoje estou com vontade de contar uma história de fadas, bruxas, duendes e outras figuras fantasiosas que povoam o universo infantil. Que venha o conto de fadas...


"Era uma vez uma princesa, outrora bela, única, sonhadora e feliz. A vida seguia tranquila, cheia de sonhos, fantasias, festas, príncipes e reinos alegres, até que um dia a princesa foi enfeitiçada por uma bruxa má. A bruxa má, invejosa, queria roubar a vida da princesa, seus sonhos, seu futuro, e a manteve adormecida, perdida no tempo e no espaço, definhando cada dia mais. Seus pais, o rei e a rainha, chamaram os maiores especialistas do mundo para que o feitiço fosse revertido, mas todos eles diziam que o pior era inevitável, e que a princesa jamais voltaria à vida. Mas a bruxa má não se deu por satisfeita. Ela queria mais... e paralisou todos no reino encantado..."


Em muitos momentos, muitos de nós permanecemos exatamente como a princesa. Adormecidos, perdidos, desiludidos, confusos... E muitas vezes o final não é "e viveram felizes para sempre", por um simples motivo: nossa vida não é um filme. Nossa vida não é um conto de fadas. E apesar de a vida ultrapassar todo entendimento, viver é nossa única e melhor opção.

Hoje um amigo disse querer morrer, aprisionado no encantamento de uma bruxa má chamada depressão. Eu o desafiei a tentar puxar o gatilho de uma vez... mas para meu alívio, a vontade de viver venceu.

Que a vida sempre vença.


- Anna Emíllia Meira Soares - (Texto escrito em 20/09/2006)

quarta-feira, setembro 05, 2007

Septuagésima Terceira Voz - Retrato


"Esse matagal sem fim...
Essa estrada, esse rio seco...
Essa dor que mora em mim
Não descansa e nem dorme cedo...
O retrato da minha vida,
É amar em segredo!

Não quer saber de mim,
E eu vivendo da tua vida...
Deus no céu e você aqui...
A esperança é quem me abriga !

Esses campos não tardam em florir,
Já se espera uma boa colheita!
E tudo parece seguir
Fazendo a vida tão direita .

Mas e você o que faz,
Que não repara no chão
Por onde tem que passar?
E pisa em meu coração?

O teu beijo em meu destino,
Era tudo o que eu queria!
Ser teu homem, teu menino!
O ser amado de todo dia."

- Djavan -

Septuagésima Segunda Voz - Milagreiro


"Agora vamos ter os girassóis do fim do ano
e o calor vem desumano!
Tudo irá se expandir, crescer com as águas!
Quiçá, amores nos corações.

E um santeiro, milagreiro,
prevê a dor de terceiros,
e diz que a vida é feita de ilusão!
E um santeiro, milagreiro,
prevê a dor de terceiros,
e diz que a vida é feita de ilusão!

Aquela que um dia o fez sonhar se foi com o outro,
no dia em que os dois se casariam!
Por amor ele aluou...
Hoje o seu pesar cintila nos varais:
usou as sete vidas e não foi feliz jamais!

Toda a imensidão...
Passou pela vida e foi cair na solidão...
Mais um santo para esculpir é o que lhe vale,
pra evitar que o rancor suas ervas se espalhe!"


- Djavan -

terça-feira, agosto 21, 2007

Septuagésima Primeira Voz - Oração


O mundo está mudando...
E já que ninguém faz nada... vamos rezar!!!
(PARA LER MELHOR A ORAÇÃO, CLIQUE NA FOTO!)

sexta-feira, agosto 03, 2007

Septuagésima Voz - Todas as Vozes recomeçam


Sem inspiração,
estava aqui passando o tempo,
e todo o tempo ele passava por mim!
Mal educado, nem dava bom-dia!

Passou por mim a fúria
mas sem mais ela me abandonou...
e não deu sequer adeus!

Passaram por mim lembranças,
umas vinham outras íam...
mas nem pediam licença!

Amores andaram a meu lado
mudaram a direção naquela esquina...
Mas que diacho! Eu por um acaso deixei?

Pelo amor de Deus!!!!
Ele, fúria, lembrancas, amores...
Será que ninguém me respeita????

- Todas as Vozes -

Sextuagésima Nona Voz - Todas as Vozes desistem


Se verter uma lágrima dói,
Machuca mais não vertê-la de alegria.
Sofre-se mais ao não ver-te um sorriso.

Loucamente, duramente, solitariamente
Derramamos nossos versos em poesia menor...
E eles são lágrimas endurecidas
De quem nunca sorriu da tristeza.

Se verter uma lágrima machuca,
Sofre-se mais ao não ver-te a alegria.
Dói mais não sentir o teu sorriso.

- Todas as Vozes -

Sextuagésima Oitava Voz - Momentaneamente Todas as Vozes são mudas


Me sinto cansada!
Adormecidamente fascinada!
Mas não quero chorar ou fazer sofrer.
Agora é só um momento em que insisto em fingir querer estar sozinha...
Mas não quero nem preciso estar solitária.

- Todas as Vozes -

terça-feira, julho 24, 2007

Sextuagésima Sétima Voz - Todas as Vozes não dorme


"Green light, Seven Eleven"
Casa, casa, casa, casa... Cadê meu sono? Quero dormir, mas esse cérebro não desliga! Acho que essa cadeira tá muito dura, preciso lembrar de colocar uma almofada... e eu nem comprei um maço de cigarros... eu nem fumo, porque precisaria de um maço de cigarros? Eu hein...
"Dressed up like a car crash"
Acho que a água ferveu... Meu deus é tarde, e eu trabalho amanhã bem cedo... e como ele disse aquilo? Como assim eu não ligo?
"Because when he hurts you, you feel alive"
Mas tô tão cansada de me machucar... tão cansada de cair... tão cansada de estar só... tão cansada de estar acompanhada...
"Red lights, gray morning"
Nem amanheceu ainda, mas a manhã já dói... a manhã já grita... o amanhã já é urgente... que música é essa? Ah! Stay... Adoro essa música...
"And if you look, you look through me, and when you talk, you talk at me, and when I touch you, you don't feel a thing"
Se eu pudesse ficar presa por vontade... livre por opção... tudo misturado... O que? Acho que já não estou mais raciocinando... tão distante de mim mesma, de minhas vontades, de meus sonhos... e ao mesmo tempo tão perto de tudo isso...
"And if you listen I can't call, and if you jump, you just might fall, and if you shout, I'll only hear you"
Acho que eu tenho que dormir... "If I could Stay" é... If I could stay... Then the night would give you up... Mas Bono... A noite não vai me trazer quem eu quero de volta... muito menos vai me dar quem eu quero... Tenho que dormir...
"Just the bang, and the clatter, as an angel hits the ground"
Poxa... Mas começou a tocar Elevation! Acho que posso esperar mais um pouquinho... Não tô com sono mesmo...

- Todas as Vozes -

sexta-feira, julho 20, 2007

Sextuagésima Sexta Voz - Todas as Vozes Grita


"Eu era tão feliz
E não sabia, amor
Fiz tudo o que eu quis
Confesso a minha dor

E era tão real
Que eu só fazia fantasia
E não fazia mal


E agora é tanto amor
Me abrace como foi
Te adoro e você vem comigo
Aonde quer que eu voe


E o que passou, calou
E o que virá, dirá
E só ao seu lado, seu telhado
Me faz feliz de novo


O tempo vai passar
E tudo vai entrar no jeito certo de nós dois


As coisas são assim
E se será, será
Pra ser sincero, meu remédio é te amar, te amar
Não pense, por favor
Que eu não sei dizer
Que é amor tudo o que eu sinto longe de você"


- Marisa Monte e Carlinhos Brown -

Sextuagésima Quinta Voz - Todas as Vozes diz


"Eis o melhor e o pior de mim
O meu termômetro, o meu quilate
Vem, cara, me retrate
Não é impossível
Eu não sou difícil de ler
Faça sua parte
Eu sou daqui, eu não sou de Marte
Vem, cara, me repara
Não vê, tá na cara, sou porta bandeira de mim

Só não se perca ao entrar
No meu infinito particular

Em alguns instantes
Sou pequenina e também gigante
Vem, cara, se declara
O mundo é portátil
Pra quem não tem nada a esconder
Olha minha cara
É só mistério, não tem segredo
Vem cá, não tenha medo
A água é potável
Daqui você pode beber

Só não se perca ao entrar
No meu infinito particular"

- Marisa Monte Carlinhos Brown e Arnaldo Antunes -

sexta-feira, julho 13, 2007

Sextuagésima Quarta Voz - Todas as Vozes espera

"Há um vilarejo ali
Onde Areja um vento bom
Na varanda, quem descansa
Vê o horizonte deitar no chão
Pra acalmar o coração
Lá o mundo tem razão
Terra de heróis, lares de mãe
Paraiso se mudou para lá
Por cima das casas, cal
Frutas em qualquer quintal
Peitos fartos, filhos fortes
Sonho semeando o mundo real
Toda gente cabe lá
Palestina, Shangri-lá
Vem andar e voa
Vem andar e voa
Vem andar e voa
Lá o tempo espera
Lá é primavera
Portas e janelas ficam sempre abertas
Pra sorte entrar
Em todas as mesas, pão
Flores enfeitando
Os caminhos, os vestidos, os destinos
E essa canção
Tem um verdadeiro amor
Para quando você for
Vem andar e voa
Vem andar e voa
Vem andar e voa
Vem andar e voa"
- Marisa Monte, Pedro Baby, Carlinhos Brown e Arnaldo Antunes -

quinta-feira, julho 12, 2007

Sextuagésima Terceira Voz - Todas as Vozes se cala


"Eu sei e você sabe, já que a vida quis assim
Que nada nesse mundo levará você de mim
Eu sei e você sabe que a distância não existe
Que todo grande amor
Só é bem grande se for triste
Por isso, meu amor
Não tenha medo de sofrer
Que todos os caminhos me encaminham pra você

Assim como o oceano
Só é belo com luar
Assim como a canção
Só tem razão se se cantar
Assim como uma nuvem
Só acontece se chover
Assim como o poeta
Só é grande se sofrer
Assim como viver
Sem ter amor não é viver
Não há você sem mim
E eu não existo sem você"

- Vinícius de Moraes e Tom Jobim -

segunda-feira, julho 09, 2007

Sextuagésima Segunda Voz - Odeon


"Ai, quem me dera
O meu chorinho
Tanto tempo abandonado
E a melancolia que eu sentia
Quando ouvia
Ele fazer tanto chorar
Ai, nem me lembro
Há tanto, tanto
Todo o encanto
De um passado
Que era lindo
Era triste, era bom
Igualzinho a um chorinho
Chamado Odeon

Terçando flauta e cavaquinho
Meu chorinho se desata
Tira da canção do violão
Esse bordão
Que me dá vida
Que me mata
É só carinho
O meu chorinho
Quando pega e chega
Assim devagarzinho
Meia-luz, meia-voz, meio tom
Meu chorinho chamado Odeon

Ah, vem depressa
Chorinho querido, vem
Mostrar a graça
Que o choro sentido tem
Quanto tempo passou
Quanta coisa mudou
Já ninguém chora mais por ninguém
Ah, quem diria que um dia
Chorinho meu, você viria
Com a graça que o amor lhe deu
Pra dizer "não faz mal
Tanto faz, tanto fez
Eu voltei pra chorar com vocês"

Chora bastante meu chorinho
Teu chorinho de saudade
Diz ao bandolim pra não tocar
Tão lindo assim
Porque parece até maldade
Ai, meu chorinho
Eu só queria
Transformar em realidade
A poesia
Ai, que lindo, ai, que triste, ai, que bom
De um chorinho chamado Odeon

Chorinho antigo, chorinho amigo
Eu até hoje ainda percebo essa ilusão
Essa saudade que vai comigo
E até parece aquela prece
Que sai só do coração
Se eu pudesse recordar
E ser criança
Se eu pudesse renovar
Minha esperança
Se eu pudesse me lembrar
Como se dança
Esse chorinho
Que hoje em dia
Ninguém sabe mais"

- Ernesto Nazareth e Vinícius de Moraes -

Sextuagésima Primeira Voz - Jobim por Djavan


"A correnteza do rio
vai levando aquela flor
O meu bem já está dormindo
zombando do meu amor

Na barranceira do rio o ingá se debruçou
E a fruta que era madura
a correnteza levou

E choveu uma semana
e eu não vi o meu amor
O barro ficou marcado
aonde a boiada passou

Depois da chuva passada
céu azul se apresentou
Lá na beira da estrada
vem vindo o meu amor

Ôu dandá, ôu dandá, ôu dandá, ôu dandá

E choveu uma semana
e eu não vi o meu amor
O barro ficou marcado aonde a boiada passou

A correnteza do rio
vai levando aquela flor
E eu adormeci sorrindo
Sonhando com nosso amor
Sonhando com nosso amor
Sonhando...
Ôu dandá..."

- Tom Jobim e Luís Bonfá -

quarta-feira, julho 04, 2007

Sextuagésima Voz - (nem sei se isso existe...)


"Coisa linda!
É mais que uma idéia louca,
ver-te ao alcance da boca...
Eu nem posso acreditar!
Coisa linda!
Minha humanidade cresce
quando o mundo te oferece,
e enfim te dás!
Tens lugar...
Promessa de felicidade,
festa da vontade,
nítido farol, sinal...
Novo sob o sol,
vida mais real...
Coisa linda!
Lua, lua, lua, lua...
Sol, palavra, dança, nua...
Pluma, tela, pétala...
Coisa linda!
Desejar-te desde sempre...
Ter-te agora um dia e sempre...
Uma alegria pra sempre..."

- Caetano Veloso -

quinta-feira, junho 14, 2007

Quinquagésima Nona Voz - John Lennon


“Fizeram a gente acreditar que amor mesmo, amor pra valer, só acontece uma vez, geralmente antes dos 30 anos.
Não contaram pra nós que amor não é acionado, nem chega com hora marcada. Fizeram a gente acreditar que cada um de nós é a metade de uma laranja, e que a vida só ganha sentido quando encontramos a outra metade.
Não contaram que já nascemos inteiros, que ninguém em nossa vida merece carregar nas costas a responsabilidade de completar o que nos falta: a gente cresce através da gente mesmo. Se estivermos em boa companhia é só mais agradável.
Fizeram a gente acreditar numa fórmula chamada "dois em um": duas pessoas pensando igual, agindo igual, que era isso que funcionava. Não nos contaram que isso tem nome: anulação. Que só sendo indivíduos com personalidade própria é que poderemos ter uma relação saudável.
Fizeram a gente acreditar que casamento é obrigatório e que desejos fora de hora devem ser reprimidos. Fizeram a gente acreditar que os bonitos e magros são mais amados, que os que transam pouco são caretas, que os que transam muito não são confiáveis, e que sempre haverá um chinelo velho para um pé torto. Só não disseram que existe muito mais cabeça torta do que pé torto.
Fizeram a gente acreditar que só há uma fórmula de ser feliz, a mesma para todos, e os que escapam dela estão condenados à marginalidade. Não nos contaram que estas fórmulas dão errado, frustram as pessoas, são alienantes, e que podemos tentar outras alternativas. Ah, também não contaram que ninguém vai contar isso tudo pra gente.
Cada um vai ter que descobrir sozinho. E aí, quando você estiver muito apaixonado por você mesmo, vai poder ser muito feliz e se apaixonar por alguém...”
- John Lennon -

quarta-feira, junho 13, 2007

Quinquagésima Oitava Voz - Amor e Bombas


O nosso amor
É um bebê tentando respirar
Enquanto isso eu passo longe a berrar
Bombas explodem
E granadas nos fazem beijar
Com mais ardor
Sem violência contra o nosso amor
Sua ausência é o meu terror
E a ciência não achou melhor remédio
Do que "I love you"
Para curar o mal que o mundo contraiu
Poder fazer da má notícia
Um pensamento de delícia
Seus olhos são dois milhõezinhos de dólares
Que assaltei com beijos metralhadores
À mão armada de carinho que não bate
Bomba de chocolate, meu amor!

- Eduardo Dusek -

segunda-feira, junho 11, 2007

Quinquagésima Sétima Voz - Flor


Flor!
Tô indo pro sertão!
Olha só meu coração como que tá!
Bate outra vez!
Descompassado, ritmado... seja lá, como quiser!
Mas bate qual sino!
Sino Forte, bravo, casadoiro!
Alguém bateu na minha porta!
Nem abri, nem perguntei quem era!
Eu respondi já fui!

- Todas as Vozes -

quarta-feira, junho 06, 2007

Quinquagésima Sexta Voz - Viagem


Hoje eu viajo! Pego minha mala, meu travesseiro e meu cobertor! Entro no ônibus e me despeço da Big City...
Sei que de madrugada verei a névoa! Sentirei o frio! O corpo pesado...
Sei que o raiar do sol me trará um horizonte mais que conhecido! E a chegada me trará o cheiro de anos passados...
O descer do ônibus, o descer da rua (ou o subir da ladeira)... as paredes azuis, as grades outrora marrons (hoje são brancas)... 75!
Queria tanto que essa viagem me levasse a mais do que minha casa. Queria que ela me levasse para o meu lar...
Mas o meu lar mudou, eu mudei, minha vida mudou...
Me lembro de uma canção...
"Mudaram as estações... nada mudou! Mas eu sei que alguma coisa aconteceu! Tá tudo assim... tão diferente..
Se lembra quando a gente tentou um dia acreditar que tudo era pra sempre... sem saber, que o pra sempre, sempre acaba...
Mas nada vai conseguir mudar o que ficou
Quando penso em alguém, só penso em você e aí então, estamos bem...
Mesmo com tantos motivos, pra deixar tudo como está
Nem discutir, nem tentar, agora tanto faz...
Estamos indo de volta pra casa...!"

- Anna Emíllia Meira Soares -

domingo, junho 03, 2007

Quinquagésima Quinta Voz - Poeta Orkutiano


"Ignoro tudo!

Te fiz mais para mim

do que para o mundo:

isso não ignorarei jamais,

apesar dos pesares de tuas palavras,

cheias de respostas árduas

e de desencontros."



- Paulino Vergetti -

sábado, junho 02, 2007

Quinquagésima Quarta Voz - Publicação a pedidos


... "Neste mundo de tantos anos,

entre tantos outros,

Que sorte a nossa hein?



Entre tantas paixões

Esse encontro,

Nós dois,

esse amor"...

- Liminha e Vanessa da Mata -

quinta-feira, maio 31, 2007

Quinquagésima Terceira Voz - Maria


Se eu fosse a sua
e não mais uma
as quatro luas eu lhe daria

Pra me tornar sua maria
uma canção eu cantaria

Minha resposta ao que eu ouvi
A mais bela melodia
foi roubar pra minha história
sua poesia de outrora

Não por jura ou promessa
nem perdão ou vaidade
Debaixo da condesseira
Sua maria de verdade


- Céu e Beto Villares -

Quinquagésima Segunda Voz - Mário Quintana


Um dia descobrimos que beijar uma pessoa para esquecer outra, é bobagem.
Você não só não esquece a outra pessoa como pensa muito mais nela...
Um dia nós percebemos que as mulheres têm instinto "caçador"e fazem qualquer homem sofrer...
Um dia descobrimos que se apaixonar é inevitável...

Um dia percebemos que as melhores provas de amor são as mais simples...
Um dia percebemos que o comum não nos atrai...
Um dia saberemos que ser classificado como "bonzinho" não é bom...

Um dia perceberemos que a pessoa que nunca te liga é a que mais pensa em você...
Um dia saberemos a importância da frase: "Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas..."
Um dia percebemos que somos muito importante para alguém, mas não damos valor a isso...
Um dia percebemos como aquele amigo faz falta, mas ai já é tarde demais...
Enfim... Um dia descobrimos que apesar de viver quase um século esse tempo todo não é suficiente para realizarmos todos os nossos sonhos, para beijarmos todas as bocas que nos atraem, para dizer o que tem de ser dito...
O jeito é: ou nos conformamos com a falta de algumas coisas na nossa vida ou lutamos para realizar todas as nossas loucuras...
Quem não compreende um olhar tão pouco compreenderá uma longa explicação.

Para o homem provar que é homem, não precisa ter mil mulheres. Basta fazer uma feliz...


- Mário Quintana -

segunda-feira, maio 28, 2007

Quinquagésima Primeira Voz - Hoje quem manda é você


Hoje você é quem manda
Falou, tá falado
Não tem discussão, não.
A minha gente hoje anda
Falando de lado e olhando pro chão.
Viu?
Você que inventou esse Estado
Inventou de inventar
Toda escuridão
Você que inventou o pecado
Esqueceu-se de inventar o perdão.

Apesar de você
amanhã há de ser outro dia.
Eu pergunto a você onde vai se esconder
Da enorme euforia?
Como vai proibir
Quando o galo insistir em cantar?
Água nova brotando
E a gente se amando sem parar.
Quando chegar o momento
Esse meu sofrimento
Vou cobrar com juros.
Juro!
Todo esse amor reprimido,
Esse grito contido,
Esse samba no escuro.

Você que inventou a tristeza
Ora tenha a finezade “desinventar”.
Você vai pagar, e é dobrado,
Cada lágrima rolada
Nesse meu penar.

Apesar de você
Amanhã há de ser outro dia.
Ainda pago pra ver
O jardim florescer
Qual você não queria.

Você vai se amargar
Vendo o dia raiar
Sem lhe pedir licença.
E eu vou morrer de rir
E esse dia há de virantes do que você pensa.
Apesar de você

Apesar de você
Amanhã há de ser outro dia.
Você vai ter que ver
A manhã renascer
E esbanjar poesia.

Como vai se explicar
Vendo o céu clarear, de repente,
Impunemente?
Como vai abafar
Nosso coro a cantar,
Na sua frente.
Apesar de você

Apesar de você
Amanhã há de ser outro dia.
Você vai se dar mal...

- Chico Buarque -

Quinquagésima Voz - Sol


Se Deus quiser, um dia eu quero ser índio
Viver pelado, pintado de verde
num eterno domingo
Ser um bicho preguiça e espantar turista
E tomar banho de sol, banho de sol, banho de sol, sol

Se Deus quiser um dia acabo voando
Tão banal, assim como um pardal,
meio de contrabando
Desviar de estilingue, deixar que me xinguem
E tomar banho de sol, banho de sol, banho de sol, banho de sol

Baila comigo, como se baila na tribo
Baila comigo, lá no meu esconderijo

Se Deus quiser um dia eu viro semente
E quando a chuva molhar o jardim,
ah, eu fico contente
E na primavera vou brotar na terra

E tomar banho de sol, banho de sol, banho de sol, sol

Se Deus quiser um dia eu morro bem velha
Na hora "H" quando a bomba estourar quero ver da janela
E entrar no pacote de camarote

- Rita Lee -

sexta-feira, maio 25, 2007

Quadragésima Nona Voz - Notícia antiga


Índio quer espelho para ver os "zóio"

Índio quer espelho
Pra ver azul do céu

Índio troca pureza por espelho
Índio troca pureza por azul
Índio quer reflexo puro

Índio quer azul do céu...
Mas céu não tem mais não...
Só tem fumaça...

E a pureza se cala
à sua própria sorte
e nega à vida qualquer fio de sorte...

E chora o homem,
e chora o Índio...
E chora o céu a falta do azul...

Índio faz dança da chuva
pra ver se chove alegria...
Mas do céu só cai lágrima...

- Anna Emíllia Meira Soares -

segunda-feira, maio 21, 2007

Quadragésima Oitava Voz - Blues


"Agora eu vou cantar pros miseráveis
Que vagam pelo mundo derrotados
Pra essas sementes mal plantadas
Que já nascem com cara de abortadas

Pras pessoas de alma bem pequena
Remoendo pequenos problemas
Querendo sempre aquilo que não têm

Pra quem vê a luz
Mas não ilumina suas minicertezas
Vive contando dinheiro
E não muda quando é lua cheia

Pra quem não sabe amar
Fica esperando
Alguém que caiba no seu sonho
Como varizes que vão aumentando
Como insetos em volta da lâmpada

Vamos pedir piedade
Senhor, piedade
Pra essa gente careta e covarde
Vamos pedir piedade
Senhor, piedade
Lhes dê grandeza e um pouco de coragem

Quero cantar só para as pessoas fracas
Que tão no mundo e perderam a viagem
Quero cantar o blues
Com o pastor e o bumbo na praça

Vamos pedir piedade
Pois há um incêncio sob a chuva rala
Somos iguais em desgraça
Vamos cantar o blues da piedade

Vamos pedir piedade
Senhor, piedade
Pra essa gente careta e covarde
Vamos pedir piedade
Senhor, piedade
Lhes dê grandeza e um pouco de coragem"

- Frejat e Cazuza -

sábado, maio 19, 2007

Quadragésima Primeira Voz - Se


"Você disse que não sabe se não
Mas também não tem certeza que sim
Quer saber?
Quando é assim
Deixa vir do coração
Você sabe que eu só penso em você
Você diz que vive pensando em mim
Pode ser
Se é assim
Você tem que largar a mão do não
Soltar essa louca, arder de paixão
Não há como doer pra decidir
Só dizer sim ou não
Mas você adora um se...
Eu levo a sério mas você disfarça
Você me diz à beça e eu nessa de horror
E me remete ao frio que vem lá do sul
Insiste em zero a zero e eu quero um a um
Sei lá o que te dá, não quer meu calor
São Jorge por favor me empresta o dragão
Mais fácil aprender japonês em braile
Do que você decidir se dá ou não".
- Djavan -