domingo, fevereiro 11, 2007

Décima Oitava Voz - Só mais uma...


Só mais um canto,
Uma só voz, uma só flor...
Só um desvio,
Um passo, um laço...
Uma alma torta?
Não, só mais um pranto.

Sem encanto, sem remorso,
Só mais um tanto.
Qualquer canto, qualquer cheiro,
Qualquer luz em meu caminho...
Só mais um dia,
Um pouco mais de alegria,
Um pouco mais de qualquer coisa,
Coisa qualquer que não me fuja.

Por entre os dedos a esperança,
Em minha mente uma semente.
E na lembrança tanta gente,
E tanta gente nessa dança.
No compasso, no desvio de um passo,
Um laço, uma alma torta...
Só mais um canto, um pranto, um tanto...
De mais um cheiro, um dia, uma melodia.
Sem medo, sem flor, sem luz,
Só mais um santo,
Uma só voz ,
Uma só cor...
- Todas as Vozes -

A Décima Sétima Voz - Entre a Saudade sem bater à porta


Saudade...

Saudade tem aroma e melodia. Ouve uma música, lembra. Sente um perfume, recorda.

E dói a dor gostosa de quem rememora. De quem agora chora e agora clama. De quem agora canta e agora ama. De quem já não insiste em se perder.

E então se perde em prantos a saudade. Se perde em risos e em lágrimas, e parte. Parte em metades um coração doído. Sofrido. Querido. Mal vivido. Partido.

É... a Saudade tem seu cheiro. Tem seu canto e seu encanto. Majestade e Liberdade. É metade, e não parte. É bonito e infinito.
- Todas as Vozes -
(Imagem conseguida pelo site www.google.com.br)

A Décima Sexta Voz - Como um dia de domingo...

(Imagem retirada do site www.artemaya.com)

Ainda me lembro do cheiro das manhãs de domingo...
Costumava acordar às 6 da manhã. Saía para o quintal e era como se o mundo todo dormisse, e o tempo fosse só meu. Sentia o friozinho bom da madrugada indo embora e o sol nascendo pra trazer luz ao céu. Muitas vezes a lua ainda estava lá para ver de longe o astro-rei. O ar seco do sertão entrava por minhas narinas e fazia com que me sentisse viva.
Depois de algum tempo deitada no chão, ouvia a voz de minha mãe que se levantava. Em pouco tempo a casa inteira recenderia ao cheiro de café. Me lembrava de um texto que lera em um livro: "café com pão, café com pão, café com pão, vixi Maria, que foi isso maquinista? Agora sim, café com pão, agora sim...". Era quando ouvia o apito do trem chegando na estação da cidade, e me transportava para a roça de minha madrinha. Inúmeras vezes quando o trem passava pela frente da casa do sítio, despertava toda a meninada das brincadeiras em que se encontravam para levá-las ao mundo de magia da estrada de ferro... Um dia o maquinista acenara para mim...
Domingo também era dia de missa... a Missa das Crianças... adorava ir à Igreja para brincar na pia batismal, cheia de água benta, e comer pipoca na pracinha em frente... bem... de vez em quando eu gostava também de ouvir as músicas que as pessoas cantavam lá dentro e me divertia tentando decifrar as palavras indecifráveis para os meus 6 anos, que o Monsenhor Antônio Fagundes pronunciava numa velocidade incrível... mas eu gostava de Monsenhor (a parte chata terminava mais rápido)... é... eu gostava de ir à Igreja... um dia até li um texto no microfone...
O almoço de domingo sempre tinha frango assado... eu era pequena, almoçava mais cedo... tinha a sessão de desenhos da Disney... a melodia de "Se uma estrela aparecer"... O Mickey, o Donald, o pé de feijão...
E vinha a tarde de domingo... as buzinas começavam a soar... primeiro o quebra-queixo (esse era para os adultos... eu n gostava daquele negócio duro), depois o algodão-doce (esse era só meu...) e começavam a chegar os primos... Eu era pequena, eu era café-com-leite, e de muitas brincadeiras eu não podia participar, como a tal da salada mista e do balança caixão, que eu nem sabia do que se tratava... mas eu tinha uma prima dois anos mais velha, e a gente ia pra o meu quarto brincar de bonecas e ouvir o Trem da Alegria, a Xuxa e um disco antigo de Celly Campello. Isso a gente podia!
E chegava a hora da Ave-Maria. A luzinha do carrinho de pipoca do velho "Nilo Coelho" (a gente deu esse apelido pra ele) apontava no final da ladeira. Era a hora da pipoca! A meninada toda rodeava o carrinho do seu Nilo... ele contente, a gente mais ainda! Era a melhor pipoca do mundo! Não preciso nem dizer que depois disso ninguém mais jantava, e tome-lhe bronca... mas a gente estava feliz!
O relógio batia a Hora dos Trapalhões... todo mundo, crianças e adultos, reunidos na sala para dar risada com Didi Mocó e sua trupe até começar o Fantástico... hora em que a casa esvaziava. Nessa altura do campeonato eu já estava dormindo na sala, e minha mãe me carregava para a cama se despedindo com um beijo de boa-noite...
Até hoje me lembro do cheiro das manhãs de domingo...
Cheiro que antecipava a paz e a felicidade...
- Todas as Vozes -

quarta-feira, fevereiro 07, 2007

A Décima Quinta Voz - Chegou a Hora




Chegou a hora de por fim a amenidades.

Chegou a hora de pôr fim à solidão.

Já não me prendo a amarras que outrora me aprisionaram.

Amarras que me cegaram, me tamparam a visão.



Com o fim da rima chegou a hora de perceber que o mundo não é de luz, não é de dor. O mundo é de aprendizado. Aprendizado que vem a partir do livre arbítrio. Que vem das escolhas, das lutas e dos desejos.

Escolho aprender através da luta e não da dor.

Escolho aprender pelo amor, não pelo ódio.

Escolho apenas aprender.

Apreender a loucura e a insanidade, e na medida certa torná-las aliadas da razão.



- Todas as Vozes -

A Décima Quarta Voz - Alguém me disse

(Imagem encontrada através do www.google.com.br)

Alguém me disse que tu andas novamente

De novo amor, nova paixão, todo contente

Conheço bem tuas promessas

Outras ouvi iguais a essa

Esse teu jeito de enganar conheço bem



Pouco me importa que tu beijes tantas vezes

E que tu mudes de paixão todos os meses

Se vai beijar como eu bem sei

Fazer sonhar como eu sonhei



Mas sem ter nunca amor igual ao que eu te dei.
(Composição: Evaldo Gouveia / Jair Amorim)

quinta-feira, fevereiro 01, 2007

A Décima Terceira Voz - Acalanto


É tão tarde!
A manhã já vem!
Todos dormem
A noite também
Só eu velo
Por você, meu bem

Dorme anjo
O boi pega Neném

Lá no céu
Deixam de cantar
Os anjinhos
Foram se deitar
Mamãezinha
Precisa descansar

Dorme, anjo
Papai vai lhe ninar

"Boi, boi, boi,
Boi da cara preta
Pega essa menina
Que tem medo de careta"

- Dorival Caymmi -
(Imagem encontrada através do www.google.com.br)

Décima Segunda Voz - Proteção




"Alguém no céu, olha por mim!
guarda os segredos que eu tenho!
Moram no céu anjos de luz
que sabem de onde eu venho.
Meu pai do céu, olhai por mim
quando eu me sentir sozinho!
Mande do céu um querubim,
pra iluminar meu caminho."

- Danilo Caymmi -
(Imagem encontrada através do www.google.com.br)

Décima Segunda Voz - Quem nunca andou de Trem nos anos 80


"Eu quero ter a sua companhia,
vem viajar comigo no vagão!
Tome um lugar no seu assento,
que o caminho agora é a favor do vento!
Depois daquela curva vem o túnel,
peço pra pegar na tua mão
Desce a ladeira o sino toca...

Piuí Piuí, Piuí Abacaxi
Choque choque choque, choque por aí"
(Piuí Abacaxi - Trem da Alegria)
(um pouco de humor, minha gente... rsrsrs)
(Imagem encontrada através do www.google.com.br)

Décima Primeira Voz - A Viagem



Há tanto tempo que eu deixei você...
Fui chorando de saudade...
Mesmo longe não me conformei.
Pode crer!
Eu viajei contra a vontade!
O teu amor chamou e eu regressei.
Todo amor é infinito!
Noite e dia no meu coração,
Trouxe a luz
Do nosso instante mais bonito...
Na escuridão o teu olhar me iluminava
E minha estrela-guia era o teu riso
Coisas do passado são alegres
Quando lembram novamente
As pessoas que se amam...
Em cada solidão vencida eu desejava
O reencontro com teu corpo abrigo.
Ah! Minha adorada!
Viajei tantos espaços,
Pra você caber assim no meu abraço...
Te amo !
(música A Viagem - Roupa Nova)
(Imagem encontrada através do www.google.com.br)