quarta-feira, maio 26, 2010

153ª Voz - Escrever



Escrevo apenas, sem saber por quê!

Embora siga cantando entre tempestades,

Embora continue andando sobre as pedras...


Às vezes busco em vão por cantigas novas,

Como quem busca pérolas, tesouros, novidades.


Embora siga falando em vão sobre sentimentos

E diga palavras que não penetrarão ninguém,

Não canso de ser assim, por isso sigo!

Cantando as novidades em forma de tesouros,

Pérolas de mim.


Em pérolas de outrora, embora pardas,

Sem o brilho vão da inocência,

Oculto vozes, oculto sons,

Oculto desejos, sonhos,

Canções...

Escritas sob o pendor de um estandarte invisível!

Qual será?


A verdade é que me lanço às palavras

E elas se enlaçam a mim!

E ao tentar desvencilhar-me

Escrevo palavras soltas, largadas ao vento,

Como quem fala de amor a uma criança

Que embora não saiba o que lhe guarda a vida

Sabe brincar com o destino.


Apenas escrevo!

Preciso saber o porquê?


Anna Emíllia Meira Soares – 26 de maio de 2010

152ª Voz - Parte de mim



Num cantinho escondido de todos

Guardo uma menina assustada

Que nunca se cansa de se encantar com tudo.


Essa menina que vê o verde como único

E o céu como luz,

Se esconde pra que ninguém encontre o seu cantinho,

Porque o mundo não permite o encantamento.

O mundo destrói, mata, corrompe...


O mundo não é pra essa menina...


Para manter sua inocência,

Ao mundo revelo uma outra menina,

Disfarçada sob os recalques de uma mulher madura.

Uma mulher-menina triste, só, séria...

Uma menina-mulher com um olhar perdido e sentimentos ocultos,

Ocultados dentro do mesmo cantinho onde se esconde a menina assustada.


E em seu cantinho a menina espera por alguém a quem se entregou...

Aquele alguém que a põe no colo e lhe conta uma história de sentimentos puros...

Aquele alguém que sabe guardar segredos,

Se espantar com coisas simples...


Nesse cantinho oculto de minha alma

Guardo uma menina assustada

Que nunca se cansa de se encantar com tudo.

A parte de mim que sabe te amar...


Anna Emíllia Meira Soares – 24 de maio de 2010

terça-feira, maio 18, 2010

151ª Voz - Talvez


Talvez eu me perca procurando saber o que não vivi,

Talvez eu me canse de procurar o seguro.

E no silêncio, perfeito, único,

Talvez me perca em promessas que nunca virão,

Em palavras que embora nunca ditas, serão mais belas.


Talvez me lembre de tempos que nunca existiram,

Ou viva de momentos imaginários.

Talvez me canse de ter esperanças e de por isso retornar ao ponto zero.

Quem sabe depois vazia, fútil ou só,

Talvez me canse de não ter esperanças e de não ter um zero pra recomeçar...


Quando não agüentar mais, talvez resolva ser feliz!

Pare de procurar, de relutar, de me perder,

de não ter esperanças, de buscar lembranças, de me esvaziar,

E comece a ser. Simples assim!


Mas isso é só talvez,

Pois não sei o limite de minha capacidade em suportar a dor.


Anna Emíllia Meira Soares – 18/05/2010