quinta-feira, maio 31, 2007

Quinquagésima Terceira Voz - Maria


Se eu fosse a sua
e não mais uma
as quatro luas eu lhe daria

Pra me tornar sua maria
uma canção eu cantaria

Minha resposta ao que eu ouvi
A mais bela melodia
foi roubar pra minha história
sua poesia de outrora

Não por jura ou promessa
nem perdão ou vaidade
Debaixo da condesseira
Sua maria de verdade


- Céu e Beto Villares -

Quinquagésima Segunda Voz - Mário Quintana


Um dia descobrimos que beijar uma pessoa para esquecer outra, é bobagem.
Você não só não esquece a outra pessoa como pensa muito mais nela...
Um dia nós percebemos que as mulheres têm instinto "caçador"e fazem qualquer homem sofrer...
Um dia descobrimos que se apaixonar é inevitável...

Um dia percebemos que as melhores provas de amor são as mais simples...
Um dia percebemos que o comum não nos atrai...
Um dia saberemos que ser classificado como "bonzinho" não é bom...

Um dia perceberemos que a pessoa que nunca te liga é a que mais pensa em você...
Um dia saberemos a importância da frase: "Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas..."
Um dia percebemos que somos muito importante para alguém, mas não damos valor a isso...
Um dia percebemos como aquele amigo faz falta, mas ai já é tarde demais...
Enfim... Um dia descobrimos que apesar de viver quase um século esse tempo todo não é suficiente para realizarmos todos os nossos sonhos, para beijarmos todas as bocas que nos atraem, para dizer o que tem de ser dito...
O jeito é: ou nos conformamos com a falta de algumas coisas na nossa vida ou lutamos para realizar todas as nossas loucuras...
Quem não compreende um olhar tão pouco compreenderá uma longa explicação.

Para o homem provar que é homem, não precisa ter mil mulheres. Basta fazer uma feliz...


- Mário Quintana -

segunda-feira, maio 28, 2007

Quinquagésima Primeira Voz - Hoje quem manda é você


Hoje você é quem manda
Falou, tá falado
Não tem discussão, não.
A minha gente hoje anda
Falando de lado e olhando pro chão.
Viu?
Você que inventou esse Estado
Inventou de inventar
Toda escuridão
Você que inventou o pecado
Esqueceu-se de inventar o perdão.

Apesar de você
amanhã há de ser outro dia.
Eu pergunto a você onde vai se esconder
Da enorme euforia?
Como vai proibir
Quando o galo insistir em cantar?
Água nova brotando
E a gente se amando sem parar.
Quando chegar o momento
Esse meu sofrimento
Vou cobrar com juros.
Juro!
Todo esse amor reprimido,
Esse grito contido,
Esse samba no escuro.

Você que inventou a tristeza
Ora tenha a finezade “desinventar”.
Você vai pagar, e é dobrado,
Cada lágrima rolada
Nesse meu penar.

Apesar de você
Amanhã há de ser outro dia.
Ainda pago pra ver
O jardim florescer
Qual você não queria.

Você vai se amargar
Vendo o dia raiar
Sem lhe pedir licença.
E eu vou morrer de rir
E esse dia há de virantes do que você pensa.
Apesar de você

Apesar de você
Amanhã há de ser outro dia.
Você vai ter que ver
A manhã renascer
E esbanjar poesia.

Como vai se explicar
Vendo o céu clarear, de repente,
Impunemente?
Como vai abafar
Nosso coro a cantar,
Na sua frente.
Apesar de você

Apesar de você
Amanhã há de ser outro dia.
Você vai se dar mal...

- Chico Buarque -

Quinquagésima Voz - Sol


Se Deus quiser, um dia eu quero ser índio
Viver pelado, pintado de verde
num eterno domingo
Ser um bicho preguiça e espantar turista
E tomar banho de sol, banho de sol, banho de sol, sol

Se Deus quiser um dia acabo voando
Tão banal, assim como um pardal,
meio de contrabando
Desviar de estilingue, deixar que me xinguem
E tomar banho de sol, banho de sol, banho de sol, banho de sol

Baila comigo, como se baila na tribo
Baila comigo, lá no meu esconderijo

Se Deus quiser um dia eu viro semente
E quando a chuva molhar o jardim,
ah, eu fico contente
E na primavera vou brotar na terra

E tomar banho de sol, banho de sol, banho de sol, sol

Se Deus quiser um dia eu morro bem velha
Na hora "H" quando a bomba estourar quero ver da janela
E entrar no pacote de camarote

- Rita Lee -

sexta-feira, maio 25, 2007

Quadragésima Nona Voz - Notícia antiga


Índio quer espelho para ver os "zóio"

Índio quer espelho
Pra ver azul do céu

Índio troca pureza por espelho
Índio troca pureza por azul
Índio quer reflexo puro

Índio quer azul do céu...
Mas céu não tem mais não...
Só tem fumaça...

E a pureza se cala
à sua própria sorte
e nega à vida qualquer fio de sorte...

E chora o homem,
e chora o Índio...
E chora o céu a falta do azul...

Índio faz dança da chuva
pra ver se chove alegria...
Mas do céu só cai lágrima...

- Anna Emíllia Meira Soares -

segunda-feira, maio 21, 2007

Quadragésima Oitava Voz - Blues


"Agora eu vou cantar pros miseráveis
Que vagam pelo mundo derrotados
Pra essas sementes mal plantadas
Que já nascem com cara de abortadas

Pras pessoas de alma bem pequena
Remoendo pequenos problemas
Querendo sempre aquilo que não têm

Pra quem vê a luz
Mas não ilumina suas minicertezas
Vive contando dinheiro
E não muda quando é lua cheia

Pra quem não sabe amar
Fica esperando
Alguém que caiba no seu sonho
Como varizes que vão aumentando
Como insetos em volta da lâmpada

Vamos pedir piedade
Senhor, piedade
Pra essa gente careta e covarde
Vamos pedir piedade
Senhor, piedade
Lhes dê grandeza e um pouco de coragem

Quero cantar só para as pessoas fracas
Que tão no mundo e perderam a viagem
Quero cantar o blues
Com o pastor e o bumbo na praça

Vamos pedir piedade
Pois há um incêncio sob a chuva rala
Somos iguais em desgraça
Vamos cantar o blues da piedade

Vamos pedir piedade
Senhor, piedade
Pra essa gente careta e covarde
Vamos pedir piedade
Senhor, piedade
Lhes dê grandeza e um pouco de coragem"

- Frejat e Cazuza -

sábado, maio 19, 2007

Quadragésima Primeira Voz - Se


"Você disse que não sabe se não
Mas também não tem certeza que sim
Quer saber?
Quando é assim
Deixa vir do coração
Você sabe que eu só penso em você
Você diz que vive pensando em mim
Pode ser
Se é assim
Você tem que largar a mão do não
Soltar essa louca, arder de paixão
Não há como doer pra decidir
Só dizer sim ou não
Mas você adora um se...
Eu levo a sério mas você disfarça
Você me diz à beça e eu nessa de horror
E me remete ao frio que vem lá do sul
Insiste em zero a zero e eu quero um a um
Sei lá o que te dá, não quer meu calor
São Jorge por favor me empresta o dragão
Mais fácil aprender japonês em braile
Do que você decidir se dá ou não".
- Djavan -

quinta-feira, maio 17, 2007

Quadragésima Voz - Vinícius amou demais


"Nunca fui covarde
Mas agora é tarde
Amei tanto
Que agora nem sei mais chorar

Vivi te buscando
Vivi te encontrando
Vivi te perdendo
Ah, coração, infeliz até quando?
Para ser feliz
Tu vais morrer de dor

Amei tanto
Que agora nem sei mais chorar

Nunca fui covarde
Mas agora é tarde
É tarde demais enfim
A solidão é o fim de quem ama
A chama se esvai,
a noite cai em mim."

- Vinicius de Moraes -

Trigésima Nona Voz - De Lua


"Tenho fases, como a lua.
Fases de andar escondida,
fases de vir para a rua...
Perdição da minha vida!
Tenho fases de ser tua,
tenho outras de ser sozinha.

Fases que vão e que vêm
no secreto calendário
que um astrólogo arbitrário
inventou para meu uso.

E roda a melancolia
seu interminável fuso!
Não me encontro com ninguém
(tenho fases, como a lua)

No dia de alguém ser meu
não é dia de eu ser sua...
E, quando chega esse dia,
o outro desapareceu..."

- Cecília Meireles -

terça-feira, maio 15, 2007

Trigésima Oitava Voz - Só mais uma menina


E disse alguém que a Saudade pode matar
E disse outro alguém que a gente que mata ela
Em indiretas e diretas
Linhas aéreas
passagens, bagagens
violões em noites estreladas
outro alguém respondeu a alguém:
"Então mata! Assassina ela com todas as armas! Com todas as frutas que tiver direito! De todas as formas lícitas e ilícitas! De todo coração e com toda ação! Reação em qualquer sentido! Norte ou Sul! Terra ou ar! Toca um acorde e se manda! Termina a melodia! Finaliza a sinfonia! Canta a sua canção!"
E alguém dormiu feliz...

- Todas as Vozes -

Trigésima Sétima Voz - Na Sua Estante


"Te vejo errando e isso não é pecado,
exceto quando faz outra pessoa sangrar.
Te vejo sonhando e isso dá medo...
Perdido num mundo que não dá pra entrar.

Você está saindo da minha vida,
e parece que vai demorar...
Se não souber voltar ao menos mande noticia!
“Cê” acha que eu sou louca mas tudo vai se encaixar!

Tô aproveitando cada segundo antes que isso aqui vire uma tragédia!

E não adianta nem me procurar em outros timbres, outros risos...
Eu estava aqui o tempo todo só vc não viu...
E não adianta nem me procurar em outros timbres, outros risos...
Eu estava aqui o tempo todo só vc não viu...

Você tá sempre indo e vindo,
tudo bem!
Dessa vez eu já vesti minha armadura
e mesmo que nada funcione
eu estarei de pé
de queixo erguido.
Depois você me vê vermelha e acha graça,
mas eu não ficaria bem na sua estante.

Tô aproveitando cada segundo antes que isso aqui vire uma tragédia!

E não adianta nem me procurar em outros timbres, outros risos...
Eu estava aqui o tempo todo só você não viu...
E não adianta nem me procurar em outros timbres, outros risos...
Eu estava aqui o tempo todo só você não viu...

Só por hoje não quero mais te ver!
Só por hoje não vou tomar minha dose de você!
Cansei de chorar feridas que não se fecham, não se curam!
E essa abstinência uma hora vai passar..."

- Pitty -

sexta-feira, maio 11, 2007

Trigésima Sexta Voz - Dia das Mães


Vontade de ficar sozinha,
vontade de me olhar nos teus olhos
e ver a tua imagem refletida em mim mesma .

Tempo de reflexão,
de pausa,
de solidão...
De estar acompanhada em um vazio
que preenche todos os recantos de minha alma,
de minha casa,
de minha cidade.

No espelho a fé se despedaça em luz,
o caminho se obscurece em busca de si mesmo,
sem encontrar em meio a pedras
a construção tao esperada.

No silêncio penso ouvir tua voz,
mas não é a tua voz:
É minha própria voz,
tão parecida com teu jeito que às vezes me confunde...

O tempo não espera,
ele segue implacável sem remediar a dor.
Por que pra certos males não há cura.
Como não há cura no mundo sem o teu amor.

Espero apenas enxergar em mim um dia,
um pequeno lampejo do que me ensinaste a ser,
Mãe.

- Todas as Vozes -

quarta-feira, maio 09, 2007

Trigésima Quinta Voz - Margarida fulô


Nasceu uma fulô
No canteiro do peito meu
Que doeu quando muchô

Quando secô
Nasceu uma estrela bem me viu
Clariando meu quintal
Que doeu quando caiu

Quando caiu
Todo dia na boca da noite na serra
Acauã do calundú meu
Diz que doeu

E na sombra da estrada
nas noites de luar
Prá ela que de mim se escondeu
Cantiga diz que doeu
Cantiga diz que doeu

"Menina morena fulô
Candeia que alumiô
Morena minha fulô
Cantero que secô"

- Juraildes da Cruz -

terça-feira, maio 08, 2007

Trigésima Quarta Voz - Sem mais



Poetas e loucos aos poucos
Cantores do porvir
E mágicos das frases
Endiabradas sem mel

Trago boas novas
Bobagens num papel
Balões incendiados
Coisas que caem do céu
Sem mais nem porquê

Queria um dia no mundo
Poder te mostrar o meu talento pra loucura
Procurar longe do peito
Eu sempre fui perfeito pra fazer discursos longos
Fazer discursos longos sobre o que não fazer

Que é que eu vou fazer?

Senhoras e senhores!
Trago boas novas!
Eu vi a cara da morte e ela estava viva!
Eu vi a cara da morte e ela estava viva - viva!

Direi milhares de metáforas rimadas
E farei das tripas coração, do medo, minha oração
Pra não sei que Deus "H"
Da hora da partida
Na hora da partida
A tiros de vamos pra vida
Então, vamos pra vida!

Senhoras e senhores!
Trago boas novas!
Eu vi a cara da morte e ela estava viva!
Eu vi a cara da morte!

E ela estava viva - viva!
- Cazuza -

segunda-feira, maio 07, 2007

Trigésima Terceira Voz - Eu vim


"Vieste
Na hora exata, com ares de festa
E luas de prata
Vieste
Com encantos, vieste,
com beijos silvestres
Colhidos pra mim
Vieste
Com a Natureza,
com as mãos camponesas
Plantadas em mim
Vieste com a cara e a coragem,
com malas, viagens
Pra dentro de mim, meu amor
Vieste
À hora e a tempo,
soltando meus barcos
E velas ao vento
Vieste
Me dando alento, me olhando por dentro
Velando por mim
Vieste
De olhos fechados, num dia marcado
Sagrado pra mim
Vieste com a cara e a coragem,
com malas, viagens
Pra dentro de mim, meu amor."
- Ivan Lins e Vitor Martins -

Trigésima Segunda Voz - João e Maria


"Agora eu era o herói
E o meu cavalo só falava inglês
A noiva do cowboy era você além das outras três
Eu enfrentava os batalhões, os alemães e seus canhões
Guardava o meu bodoque e ensaiava o rock para as matinês
Agora eu era o rei
Era o bedel e era também juiz
E pela minha lei a gente era obrigado a ser feliz
E você era a princesa que eu fiz coroar
E era tão linda de se admirar
Que andava nua pelo meu país
Não, não fuja não
Finja que agora eu era o seu brinquedo
Eu era o seu pião, o seu bicho preferido
Vem, me dê a mão, a gente agora já não tinha medo
No tempo da maldade acho que a gente nem tinha nascido
Agora era fatal que o faz-de-conta terminasse assim
Pra lá desse quintal era uma noite que não tem mais fim
Pois você sumiu no mundo sem me avisar
E agora eu era um louco a perguntar
O que é que a vida vai fazer de mim?"

- Chico Buarque e Sivuca -