domingo, novembro 01, 2009

138ª Voz - Dia das Bruxas... Finados... Findem!




Hoje, domingo, véspera de feriado, preguiça de me levantar pela manhã, e resto do dia mergulhada nas delícias de um domingo encinemado!

Cinema a 2 reais é a benção. Até filme de ficção vale à pena! Se bem que Bruce Willis vale à pena, sempre! Mesmo quando ele nem existe, é fantasma, robô, duro de matar... enfim... mandem que eu me cale antes que comece a filosofar, porque ai não tem mais saída!

O filme que assisti a dois "reaus" foi Substitutos. A história se passa num futuro hipotético, em que devido ao medo de enfrentar a realidade os seres humanos começam a se esconder por trás de máquinas extremamente bem projetadas, comandadas por seus hipertróficos neurônios (crítica: as cabeças dos humanos deveriam ter aumentado de tamanho e seus corpos virado um aglomerado de músculos atrofiados! Seria divertido! hehe). Alguém aí foi acometido por algum deja vú?

MSN, orkut, blogspot, twitter, facebook, emails... etc, etc, etc... A pergunta que venho me fazendo é: por que nos escondemos tanto? Na 1ª pessoa do plural mesmo, pois me incluo na jogada. Seja por trás da parafernália eletrônica, ou seja na hipocrisia, silêncio ou bom comportamento, é inevitável nos omitirmos, nos agredirmos, nos reprimirmos. O medo seria da vida, ou de nós mesmos? De nos libertarmos de toda a "repressão velada" a que somos submetidos desde o momento em que nascemos?

No fundo acho que precisamos aprender a enxergar. Enxergar aos outros, enxergar a nós mesmos. Sermos implacáveis diante da falta de visão. Ouvir menos, falar menos (principalmente falar muito menos quando se trata de emitir julgamentos) e ver mais. Não apenas olhar.

Feliz dia 2 de novembro para todos!

- Todas as Vozes -

segunda-feira, outubro 26, 2009

137ª Voz...

tô com sono!

136ª Voz - Momento...


Sei lá... sei lá...
Mas a segunda continua sendo um saco pra mim! Feriado do dia dos comerciários, eu na clínica, pacientes totalmente de férias, provavelmente... eu cheia de coisa pra estudar em casa (pois eu, lerda, esqueci de trazer meus livros, crente e abafando que minha agenda estaria lotada de pacientes)... enfim: odeio esse marasmo e essa sensação de estar perdendo tempo. Juro que na minha próxima encarnação eu nasço em outro planeta, já que não me permitem descer desse aqui, ou ter uma vida mais divertida!
Mas enquanto isso, se divirtam com uma coisa muito legal que encontrei na net!

http://www.visiblebody.com/ , ou isso aqui: http://www.nlm.nih.gov/hmd/

beijos para todos!

PS: É só falta do que fazer, gente! Tô me distraindo com anatomia humana pra me sentir um pouco mais útil, visto que a seleção pra a residência é dia 14 e eu ainda não estudei nada... :P
Como diz um amigo meu, "Mim, fonodiógolo!" hehe
Vou comer um misto pra me manter saudável!

Eu

quarta-feira, outubro 21, 2009

135ª Voz: Tenha medo...


http://twitpic.com/mbjf9

134ª Voz - Sacou?


http://www.gutierrez.pro.br/im/charge_fabrica.jpg

133ª Voz -




(...) Segunda feira... Trabalho... Terça feira... Trabalho... Quarta feira... Trabalho... Quinta feira... Ooooohhhh! Mais trabalho... :( Sexta feira... Trabalha, mané! Sábado... Trabalhaaaaaaaaa! Domingo... Oba!!!! Estudar pra poder trabalhar melhor! Segunda feira... Trabalho... Terça feira... Trabalho... Quarta feira... Trabalho... Quinta feira... Ooooohhhh! Mais trabalho... :( Sexta feira... Trabalha, mané! Sábado... Trabalhaaaaaaaaa! Domingo... Oba!!!! Estudar pra poder trabalhar melhor! Segunda feira... Trabalho... Terça feira... Trabalho... Quarta feira... Trabalho... Quinta feira... Ooooohhhh! Mais trabalho... :( Sexta feira... Trabalha, mané! Sábado... Trabalhaaaaaaaaa! Domingo... Oba!!!! Estudar pra poder trabalhar melhor! Segunda feira... Trabalho... Terça feira... Trabalho... Quarta feira... Trabalho... Quinta feira... Ooooohhhh! Mais trabalho... :( Sexta feira... Trabalha, mané! Sábado... Trabalhaaaaaaaaa! Domingo... Oba!!!! Estudar pra poder trabalhar melhor (...)


Trecho de um mês em minha vida!
Que tal?

PS: Alguém aí me arranja mais um emprego? Pouco trabalho e muito dinheiro! E não: não quero ser Presidente!

- Todas as Vozes -

segunda-feira, outubro 19, 2009

132ª Voz - Ok,ok,ok!


Nada a declarar! hehe


Estive pensando... A segunda feira é um dia chato, né?
:P

Tudo bem! Podem me dar língua! Eu mereço!

131ª Voz - eu escrevo...

... muito sobre amor nesse blog...





PONTO!

vamos mudar a temática?


- Todas as Vozes -

terça-feira, agosto 18, 2009

130ª Voz - "E a Vida é muito para ser insignificante..."


E eu aqui calada, sentada, "pasmada" diante da vida.
É de Chaplin a frase que dá nome à voz que aqui se apresenta. Realmente a vida é muito para ser insignificante... e as pessoas são muito para terem tão pouco valor.
Os valores estão truncados nos dias de hoje.
A pressão social nos impele a buscarmos sempre mais e mais dinheiro, mais e mais bens materiais, e cada vez menos nos tornamos pessoas. Pessoas que sabem quem realmente são, pessoas que tem a coragem de "ser" e não se preocupam em "ter". Simplesmente "ter"!
Quando mediocridade se confunde à falta de ambição, e humildade tem que caminhar junto à avareza.
Quando cantar enquanto se caminha na rua, ou perder as horas em casa de madrugada com a pessoa que se ama torna-se um pecado.
Quando ser livre é crime de mentes medrosas, e ser feliz assusta porque foi ensinado que a redenção vem pela dor, é hora de pensar se viver vale à pena...
Mas viver vale à pena! Vale à pena se libertar desses grilhões impostos e se tornar uma pessoa de verdade! Porque a VIDA não é NADA INSIGNIFICANTE!

- Todas as Vozes -

terça-feira, junho 09, 2009

129ª Voz - Jeito de Mato


De onde é que vem esses olhos tão tristes?
Vêm da campina onde o sol se deita
Do regalo de terra que o teu dorso ajeita
E dorme serena, no sereno sonha

De onde é que salta essa voz tão risonha?
Da chuva que teima, mas o céu rejeita
Do mato, do medo, da perda tristonha
Mas, que o sol resgata, arde e deleita

Há uma estrada de pedra que passa na fazenda
É teu destino, é tua senda, onde nascem com as canções
As tempestades do tempo que marcam tua história
Fogo que queima na memória e acende os corações

Sim, dos teus pés na terra nascem flores
A tua voz macia aplaca as dores
E espalha cores vivas pelo ar

Sim, dos teus olhos saem cachoeiras
Sete lagoas, mel e brincadeiras
Espumas ondas, águas do teu mar

- Paula Fernandes e Maurício Santini-

domingo, junho 07, 2009

128ª Voz - Sim... eu ando de ônibus!



Sim... eu ando de ônibus! Se por um lado é ruim vc ter que ficar esperando no ponto, viajar com pessoas saindo pela janela, ir parando de 5 em 5 minutos pra pegar mais gente, por outro lado passar o tempo observando as atrocidades-amenidades-curiosidades e afins, não tem preço!

Existem algumas situações comuns em qualquer coletivo. Vira e mexe entra alguém vendendo jujubas (Uma é trinta, duas é cinquenta, quatro um real) ou então "amendoim dourado" (o nome da 'bagaça' é Mendorato), balinhas de gengibre e garrafadas que prometem curar até câncer ('se vc tem frieira, dor nas articulação, gota, ou menstruação atrasada, experimente! Cura até câncer, pessoal!' - temos que patentear essa 'miséra'!) . Algumas vezes somos presenteados com algum artista que canta e toca seu instrumento encurtando o tempo da viagem, como o famoso ceguinho com sua sanfona tocando músicas de Luís Gonzaga.

Essa semana, no entanto, aconteceu uma coisa inusitada. Estava eu, indo da Calçada para a Pituba, quando passou o Pituba-Alto de Coutos, número 1634 se não me engano. Entrei no ônibus, e uma madame com ares de perua estava saltando pelo fundo. Até aí tudo bem. Na hora que eu passei pela catraca o cobrador diz pra mim com cara de surpresa:"É a primeira vez que eu vejo alguém descer do ônibus porque não tem lugar para sentar!". Realmente... nem todos tem vocação para andar em lata de sardinha, até me solidarizei com a pobre perua, entrei, sentei (sim, havia lugar para sentar no bendito ônibus, que por sinal estava vazio para os padrões normais, e então entendi o comentário e a surpresa do 'cobra' diante da atitude da dita perua) ,e tirei da minha bolsa um pacotinho de chicletes para me distrair na viagem. Ao passar pela Feira de São Joaquim, o diacho do busu pára, e o cobrador desce. Sim, o cobrador desceu para trocar moedas na feira de São Joaquim... até aí, tudo bem também, pois eles costumam fazer isso de vez em quando. Nesse momento, as pessoas começaram a subir no Ônibus, para passar pela catraca, e o motorista, coitado, começou a gritar: "Espera aí pra poder passar, que o cobrador foi trocar dinheiro!". As pessoas, obedientes e honestas, realmente ficaram ali, paradinhas, esperando que o bendito 'cobra' aparecesse para cobrar suas passagens ou passar o tal do Salvador Card.

Continuei mascando meu chicletinho, calma, tranquila, com a mente viajando pelas pessoas que passavam com sacolas repletas de verduras, carregadores com caixas de suprimentos e mercadorias nas cabeças ou em carrinhos de mão... e nessa contemplação permaneci por cerca de 15 minutos. Sim! 15 minutos, pessoal! Então me dei conta de que havia algo errado, quando ouvi o grito de um dos passageiros: "CADÊ O COBRADOR, MOTÔ????"

Já havia se passado cerca de 15 minutos, e nós ali, parados, esperando o cobrador voltar com o dinheiro trocado! Diante do grito do passageiro, começou o rebuliço, claro!

"Arranca, motô! Larga ele aí!"
"A gente tem horário!"
"Esse cobrador tá é tomando uma em alguma barraca"
"Ele encontrou alguma nega, resolveu dar uma rapidinha e morreu! Vamo embora, motô!"

O pobre do motorista lá, tentando contornar a situação. Os passageiros começando a se exaltar, e ele desesperado pedindo calma. Até que num dado momento, nem ele mesmo aguentou e começou a xingar o cobrador de todos os nomes possíveis e imagináveis que eu não tenho coragem de repetir.

A essa altura estávamos ali, parados há cerca de 30 minutos. Ele não aguentou e desceu do ônibus! Isso mesmo, pessoal! O ônibus ficou sem cobrador e sem motorista, em plena Feira de São Joaquim, com um monte de passageiros exaltados dentro. Uns 10 minutos depois o motorista volta, sem notícias do cobrador, decidido a colocar o destino do ônibus como "GARAGEM", e seguir viagem sem ele mesmo. Nesse momento, ouve-se o grito de um dos passageiros: "Olha lá o filho de uma puta!!!"

E lá vinha ele mesmo! Todo matreiro, folgado, com um saquinho de moedas trocadas na mão esquerda, enquanto na outra trazia uma sacolinha com biscoitos de polvilho... Veio andando, devagar, lentamente, como se deixar um ônibus cheio de passageiros parado em plena Feira de São Joaquim, esperando por nada menos que 45 minutos fosse a coisa mais natural do mundo. E entrou no ônibus, diante de umas 30 pessoas perplexas e de queixo caído, que nem ao menos reação de vaiar o dito cujo tiveram...

E o motorista arrancou o ônibus, e seguiu viagem mais perplexo ainda...

Coisas dessa minha cidade de São Salvador...

Moral da história: Quando alguém desce do ônibus vazio por não ter lugar pra sentar, nem desconfie! Bom andador de busu gosta mesmo é de um aperto!

- Todas as Vozes -

segunda-feira, maio 25, 2009

127ª Voz - Faça dar certo!


Algumas vezes a gente se pega questionando sobre a vida, sobre nossas vontades, sonhos... sobre quem somos de verdade, sobre quem aparentamos ser... medos, angústias, realizações, decepções...

Hoje foi um desses dias em que acordei me questionando sobre tudo. Questionando minhas verdades, minhas mentiras, minhas ilusões, minha dedicação a pessoas e coisas...

Talvez eu me dedique sempre a algo ou alguém que não mereça. Talvez eu doe mais aos outros o que eu tenho de bom ao invés de doar a mim mesma. Talvez seja egoísta demais em outros momentos. Talvez eu sonhe em excesso, e precise calçar um sapatinho de chumbo de vez em sempre, mas como posso viver sem ter esperança?

Cheguei a conclusão de que não tenho culpa de males causados por outrem e que não mereço ser punida por eles. Não tenho culpa se as coisas deram errado para os outros, porque elas também já deram errado pra mim. Não tenho culpa por querer dar o melhor de mim e não receber o mesmo em troca. Não tenho culpa por querer que as coisas dêem certo e sempre encontrar um pessimista que me diga que elas podem dar errado. Não tenho culpa do medo alheio, e não devo deixar de ser eu mesma por também ter medos. Não tenho culpa se as coisas mudarem, e não posso viver esperando que um dia as coisas dêem errado.

Assim como não é saudável viver de ilusões, também não é saudável viver apenas na contagem regressiva do erro, da falha, ou do fim.

É preciso QUERER que as coisas dêem CERTO. É preciso FAZER com que as coisas dêem CERTO.

NÃO tente, NÃO espere... Só FAÇA!

FAÇA DAR CERTO AQUILO QUE PARA VOCÊ VALE À PENA!

- Todas as Vozes -

quinta-feira, maio 14, 2009

126ª Voz - Lembranças juninas...


Estamos em maio, eu sei... mas me peguei lembrando de um São João há uns dois anos atrás...
Entre muitas outras coisas, houve uma tal de novena do licor... É isso mesmo! Todo mundo em círculo, passando as garrafas de licor, fazendo a degustação do líquido sagrado, emitindo seus pareceres...
O resultado? Cidadãos exemplares da nossa sociedade soteropolitana caindo no Bororó...
Lâmpada! Pra evitar rima!

http://www.youtube.com/watch?v=wUIPQ0a4U9U

É 'causo' verídico, seu dotô! (Ainda bem que alguém filmou...) Pra quem é de fora talvez não faça muito sentido. Mas pra quem é de dentro... rsrs

- Todas as Vozes -

125ª Voz - De onde vem o medo...


De onde vem o medo de amar?
Do medo de sofrer...
Ou do medo de ser feliz?

- Todas as Vozes -

segunda-feira, maio 11, 2009

124ª Voz - Ainda não sei...


Bem...
Entre cafés, livros, msn, orkut, blogs, fotos, ônibus, paisagens, chuvas, cartões, flores, gritos, vozes, sussurros, sonhos, travesseiros, camas, paredes, estantes, portas, fogões, geladeiras, mesas, pães, armários, tapetes, janelas, cortinas, xícaras, chaves, corações, medos, eu te amo, dores, comprimidos, faz-de-conta, contas, conchas, olhos, gatos, cachorros, papagaios, tartarugas, balanços, gangorras, roda-gigante, trem fantasma, chapéu mexicano, gripe suína, televisão, DVD, brigas, reconciliações, ausência, silêncios, casamentos, aniversários, feijoadas, panfletos, viagens, abraços, despedidas, reencontros, presenças, ausências, português, inglês, matemática, serra, montanha, praia, frio, calor, observatório, pássaros, neve, sol, estrelas, lua, teto, chão, reticências...
Ainda exigem que eu saiba o que eu quero...

- Todas as Vozes -

sábado, maio 02, 2009

123ª Voz - O Cajueiro


Sempre gostei de quintais. Quando criança eu tinha no quintal de minha casa um lugar mágico. Nele moravam um balanço, uma goiabeira, uma mangueira, um pé de laranja-lima (igual o do livro) e um cajueiro. O cajueiro era meu preferido! Em sua sombra eu armava minha casa, colocava meus brinquedos, revestia o chão de tapetes, almofadas, esteiras, ursos de pelúcia, bonecas, e meus companheiros preferidos: os livros. Em sua sombra viajei pelo Reino das Águas Claras, e fiquei deitada na esperança de sentir a Terra girar em seu movimento de rotação. Na primavera voltava para casa cheia de florzinhas de caju emaranhadas em meu cabelo, e com a camisa cheia de nódoas.

Um belo dia, o cajueiro chegou ao fim de seus dias. Numa noite de tempestade, provavelmente por conta da ventania, ele não resistiu ao peso de seus galhos e foi ao chão. Escondida, eu chorei.
O tempo se encarrega de apagar algumas lembranças, e de deixar outras cada vez mais presentes. Outras ele trata de reavivar. Eu cresci, mudei de cidade, conheci outros lugares, tive momentos de riso, dias de lágrimas...

Em um desses dias de lágrimas, fui levada a um outro Quintal, e a mágica se fez. Me senti transportada para tempos de recordações profundas, de felicidade plena, e de inocência. Sentada nesse Quintal, eu pude ver o céu, senti o cheiro das folhas da mangueira, e por um momento enxerguei por entre elas as lembranças de meu Cajueiro.

Fui despertada de minhas divagações por uma voz e por olhos que pareciam me enxergar de verdade. Meus olhos pareciam conhecer aquele rosto há séculos. Depois de muito tempo senti como se estivesse no lugar certo, com a pessoa certa, no momento exato. E me deixei levar. Não tinha mais volta...

- Todas as Vozes -

122ª Voz - Ficção?


Naquele dia quando acordei, escutei um nome que não era o meu.
Me questionei sobre os inúmeros motivos que me fizeram estar ali.
Pairei em pleno ar, andando em terra. Cabeça nas estrelas, pés no chão, vento nos cabelos. Eu era outra, mas não sabia sê-la. Era mais forte, e me sentia frágil. Era mulher, e me senti menina.
Algo havia acontecido, e eu ainda não reconhecera. Meus olhos estavam abertos, mas ainda desconheciam o enxergar. Minha boca tinha voz, mas minha mente desconhecia o verbo.
Havia nascido? Havia morrido? Havia acordado?

- Todas as Vozes -

terça-feira, abril 14, 2009

121ª Voz - Sermão do Mandato


…sobre as palavras que tomei, tratarei quatro coisas, e uma só. Os remédios do amor e o amor sem remédio…

Padre Antonio Vieira
(1608-1697)



Primeiro Remédio
O Tempo

Tudo cura o tempo, tudo faz esquecer, tudo gasta, tudo digere, tudo acaba. Atreve-se o tempo a colunas de mármore, quanto mais a corações de cera! São as afeições como as vidas, que não há mais certo sinal de haverem de durar pouco, que terem durado muito. São como as linhas que partem do centro para a circunferência, que, quanto mais continuadas, tanto menos unidas. Por isso os antigos sábiamente pintaram o amor menino, porque não há amor tão robusto, que chegue a ser velho. De todos os instrumentos com que o armou a natureza o desarma o tempo. Afrouxa-lhe o arco, com que já não tira, embota-lhe as setas, com que já não fere, abre-lhe os olhos, com que vê o que não via, e faz-lhe crescer as asas, com que voa e foge. A razão natural de toda esta diferença, é porque o tempo tira a novidade às coisas, descobre-lhes os defeitos, enfastia-lhes o gosto, e basta que sejam usadas para não serem as mesmas. Gasta-se o ferro com o uso, quanto mais o amor? O mesmo amar é causa de não amar, e o ter amado muito, de amar menos.

Segundo Remédio
Ausência

Muitas enfermidades se curam só com a mudança do ar; o amor com a da terra. E o amor como a lua que, em havendo terra em meio, dai-o por eclipsado. E que terra há que não seja a terra do esquecimento, se vos passastes a outra terra? Se os mortos são tão esquecidos, havendo tão pouca terra entre eles e os vivos, que podem esperar, e que se pode esperar dos ausentes? Se quatro palmos de terra causam tais efeitos, tantas léguas que farão? Em os longes, passando de tiro de seta, não chegam lá as forças do amor. Os filósofos definiram a morte pela ausência: Mors est absentia animae a corpore. Despediram-se com grandes demonstrações de afeto os que muito se amavam, apartaram-se enfim, e, se tomardes logo o pulso ao mais enternecido, achareis que palpitam no coração as saudades, que rebentam nos olhos as lágrimas, e que saem da boca alguns suspiros, que são as últimas respirações do amor. Mas, se tomardes depois destes ofícios de corpo presente, que achareis? Os olhos enxutos, a boca muda, o coração sossegado: tudo esquecimento, tudo frieza. Fez a ausência seu ofício, como a morte: apartou, e depois de apartar, esfriou.

Terceiro Remédio
Ingratidão

Assim como os remédios mais eficazes são ordinariamente os mais violentos, assim a ingratidão é o remédio mais sensitivo do amor, e juntamente o mais efetivo. A virtude que lhe dá tamanha eficácia, se eu bem o considero, é ter este remédio da sua parte a razão. Diminuir o amor o tempo, esfriar o amor a ausência, é sem-razão de que todos se queixam; mas que a ingratidão mude o amor e o converta em aborrecimento, a mesma razão o aprova, o persuade, e parece que o manda. Que sentença mais justa que privar do amor a um ingrato? O tempo é natureza, a ausência pode ser força, a ingratidão sempre é delito. Se ponderarmos os efeitos de cada um destes contrários, acharemos que a ingratidão é o mais forte. O tempo tira ao amor a novidade, a ausência tira-lhe a comunicação, a ingratidão tira-lhe o motivo. De sorte que o amigo, por ser antigo, ou por estar ausente, não perde o merecimento de ser amado; se o deixamos de amar não é culpa sua, é injustiça nossa; porém, se foi ingrato, não só ficou indigno do mais tíbio amor, mas merecedor de todo o ódio. Finalmente o tempo e a ausência combatem o amor pela memória, a ingratidão pelo entendimento e pela vontade. E ferido o amor no cérebro, e ferido no coração, como pode viver? O exemplo que temos para justificar esta razão ainda é maior que os passados.

Quarto Remédio
O melhorar de objeto

Dizem que um amor com outro se paga, e mais certo é que um amor com outro se apaga. Assim como dois contrários em grau intenso não podem estar juntos em um sujeito, assim no mesmo coração não podem caber dois amores, porque o amor que não é intenso não é amor. Ora, grande coisa deve de ser o amor, pois, sendo assim, que não bastam a encher um coração mil mundos, não cabem em um coração dois amores. Daqui vem que, se acaso se encontram e pleiteiam sobre o lugar, sempre fica a vitória pelo melhor objeto. É o amor entre os afetos como a luz entre as qualidades. Comumente se diz que o maior contrário da luz são as trevas, e não é assim. O maior contrário de uma luz é outra luz maior. As estrelas no meio das trevas luzem e resplandecem mais, mas em aparecendo o sol, que é luz maior, desaparecem as estrelas. Em aparecendo o maior e melhor objeto, logo se desamou o menor.

Amor Sem Remédio

Se quando se rendem ao mesmo amor todos os contrários, será justo que lhe resistam os seus, e se na hora em que morre de amor sem remédio o mesmo amante, será bem que lhe faltem os corações daqueles por quem morre? Amemos a quem tanto nos amou, e não haja contrário tão poderoso que nos vença, para que não perseveremos em seu amor.

- Padre Antonio Vieira -

segunda-feira, abril 13, 2009

120ª Voz - ...


Estive relendo esse blog... Nossa! Como eu gostaria de apagar algumas postagens que me parecem hoje simplesmente desnecessárias. Por favor, desconsiderem-nas! Ou então considerem-nas com carinho... Ou ainda: tentem compreender, tentem relevar, e se não for possível, apenas mudem de página.

Se alguma dessas postagens servirem de voz para algum de vocês,no entanto, usem-na!
Apenas não se esqueçam dos direitos autorais caso esteja assinado por "Todas as Vozes"! Sim... eu sou "Todas as Vozes" e me chamo Anna Emíllia! Decidi mostrar a minha cara, porque no final das contas todas as vozes que se manifestam nesse blog têm a minha voz como representante, e que voz representante é essa que permanece escondida?

Realmente eu gostaria de deletar algumas postagens... ah, eu gostaria! Começaria por essa... Talvez...

- Todas as Vozes -

sexta-feira, março 27, 2009

119ª Voz - Onde ficam as chaves para A Porta?


Ouvi falar de uma porta. Não era apenas uma porta, mas A Porta. Passagem mágica para um outro mundo, uma outra dimensão, um outro sonho. Quiçá uma outra vida.

Não sei onde fica... quem a encontrou nunca voltou para contar. Mas ela existe e é uma porta muito divertida! Nunca a vi, tá bem... mas acredito na Porta...

Quando ouvi sobre Ela, meu mundo mudou. Ganhou um novo significado, uma nova importância... o sol brilhou mais forte, até a chuva parecia menos fria...

Depois de ouvir sobre A Porta, descobri um jardim... brinquei em uma gangorra... me escondi da chuva embaixo de uma tenda... ganhei uma rosa... os gatos ficaram mais divertidos... até a distância se tornou pequena...

Tudo graças à Porta...

Será?

- Todas as Vozes -